Do mesmo ou dele

Flávia Neves
Flávia Neves
Professora de Português

A forma mais correta é a palavra dele. Segundo os principais gramáticos e linguistas, o uso da palavra mesmo como substituto de um pronome pessoal deve ser evitado. Contudo, não se pode afirmar que tal uso é incorreto, apenas pobre e desnecessário. Assim, deve ser privilegiado o uso dos pronomes pessoais (ele, ela, dele, dela,...), não havendo qualquer substituição.

Exemplos:
- Forma a evitar: Pôr adoçante em vez de açúcar no café altera o sabor do mesmo.
- Forma preferencial: Pôr adoçante em vez de açúcar no café altera o sabor dele.
- Forma preferencial: Pôr adoçante em vez de açúcar no café altera o seu sabor.

- Forma a evitar: O paciente afirmou desconhecer as causas de seus atos e as consequências dos mesmos.
- Forma preferencial: O paciente afirmou desconhecer as causas de seus atos e as consequências deles.
- Forma preferencial: O paciente afirmou desconhecer as causas de seus atos e as suas consequências.

- Forma a evitar: Queria esclarecer um assunto com a professora do meu filho, mas a mesma já tinha saído.
Forma preferencial: Queria esclarecer um assunto com a professora do meu filho, mas ela já tinha saído. 

- Forma a evitar: Antes de comer o pavê, por favor veja se o mesmo não está estragado.
Forma preferencial: Antes de comer o pavê, por favor veja se ele não está estragado.

Segundo as características da língua portuguesa, o pronome demonstrativo mesmo pode ter a capacidade de fazer referência a alguém ou a alguma coisa já mencionada no discurso. Embora esse uso seja condenado no português do Brasil, é aceitável no português europeu.

A utilização da palavra mesmo como substituto de um pronome pessoal ficou generalizada entre os falantes da língua para evitar a repetição e o excesso do uso dos pronomes ele e ela. Podemos, inclusivamente, verificar a ocorrência desse tipo de construção em documentos legais e obras de literatura de autores consagrados.

Atenção!
Estando a língua portuguesa em constante alteração, evolução e atualização e sendo muito defendido atualmente que o uso faz a regra e não o contrário, não será descabido considerar que essa expressão poderá vir a ficar consagrada pelo uso, passível de ser utilizada em diversos contextos.

Flávia Neves
Flávia Neves
Professora de português, revisora e lexicógrafa nascida no Rio de Janeiro e licenciada pela Escola Superior de Educação do Porto, em Portugal (2005). Atua nas áreas da Didática e da Pedagogia.

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