Em que pese a, em que pese ou em que pesem

Flávia Neves
Flávia Neves
Professora de Português

Embora haja muita discussão e pouco consenso acerca deste assunto, as três expressões existem no português e estão corretas. A expressão em que pese a, escrita com a preposição a, apresenta um significado diferente das expressões em que pese e em que pesem, escritas sem a preposição a.

Em que pese a é sinônima de: por mais que desagrade a, ainda que lhe custe.
Em que pese e em que pesem são sinônimas de: apesar de, ainda que, não obstante.

Em que pese a é uma locução prepositiva invariável. Indica que algo pesa a alguém, ou seja, que custa, incomoda, causa pesar. É usada para referir pessoas. 

Exemplos:

  • Em que pese a todos nós, teremos que obedecer às ordens.
  • Em que pese ao aluno estudar, será o melhor para o seu futuro.
  • Em que pese às responsáveis tomar uma decisão, essa responsabilidade é delas.

A preposição a pode ocorrer sozinha (primeiro exemplo), como também contraída com os artigos definidos o e os, formando ao e aos (segundo exemplos) e com os artigos definidos a e as, formando à e às (terceiro exemplo).

Nota: Diversos linguistas defendem que a pronúncia correta da palavra pese é com o primeiro e fechado (pêse). Contudo, a pronúncia com e aberto é a mais comum e aceita entre os falantes (pése).

A expressão em que pese atua como uma conjunção concessiva, sendo variável em número, ou seja, concordando com o sujeito posposto.

Exemplos:

  • Em que pese o documento enviado, os diretores não estavam preparados para as alterações.
  • Em que pesem os documentos enviados, os diretores não estavam preparados para as alterações.
  • Em que pese a injustiças na seleção do pessoal, há pouco que possamos fazer para contrariar essa situação.
  • Em que pesem as injustiças na seleção do pessoal, há pouco que possamos fazer para contrariar essa situação.
Flávia Neves
Flávia Neves
Professora de português, revisora e lexicógrafa nascida no Rio de Janeiro e licenciada pela Escola Superior de Educação do Porto, em Portugal (2005). Atua nas áreas da Didática e da Pedagogia.

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