As palavras são formadas por elementos que dão a elas uma estrutura. Esses elementos são chamados de morfemas ou elementos mórficos. São eles: raiz, radical, prefixo e sufixo (afixos), desinência, vogal temática e tema.
Cada morfema é uma unidade mínima de significado. Por exemplo, a palavra infeliz é formada por dois morfemas: in (prefixo que expressa negação) + feliz (radical que contém o significado básico na formação da palavra).
Os morfemas atuam na formação de palavras novas por meio de alguns processos, sendo os principais a composição e a derivação. Confira com detalhes a estrutura das palavras e os processos de formação de palavras.
Uma palavra pode ser dividida em unidades menores, os morfemas: radical, afixo, desinência, vogal temática e tema. Além desses elementos, as palavras apresentam vogais e consoantes de ligação.
Radical é a parte da palavra que carrega o seu significado básico, funcionando como núcleo. São exemplos de radical:
Existem radicais que podem ser apresentados sem outros morfemas, como sol, flor e paz. Eles são chamados de formas livres.
Quando várias palavras são formadas de um mesmo radical, elas são nomeadas de palavras cognatas, como: amigo, amizade, inimigo.
A raiz também é a parte básica e originária de uma palavra, irredutível. Mas ela é analisada em uma perspectiva histórica. Por exemplo: carr- é a raiz de carro.
Segundo o gramático Rocha Lima, estudar as raízes requer conhecimentos especializados devido às mudanças que elas sofreram ao longo do tempo. Assim, para analisar a estrutura das palavras em português, geralmente começamos com o radical.
Os afixos são os morfemas que se apresentam antes ou depois do radical para a formação de novas palavras. Eles são classificados em prefixos (quando vêm antes) e sufixos (quando vêm depois). Veja os exemplos:
Note que eles modificam o sentido básico do radical. Os sufixos também podem modificar a classe gramatical de um radical.
As desinências dizem respeito à flexão das palavras, ou seja, à variação delas para indicar gênero (masculino e feminino), número (singular e plural), modo, tempo e pessoa. Existem desinências nominais e desinências verbais.
Atenção! As desinências são consideradas, também, sufixos.
A vogal temática é a parte da palavra que identifica nomes e verbos, agrupando-os em diferentes categorias.
Vogais temáticas nominais
As vogais temáticas dos nomes são a, o, e:
Nomes terminados em consoantes e vogais tônicas não apresentam vogal temática. Veja nestes exemplos:
Atenção! A vogal temática não indica o gênero de uma palavra. Ela pode pertencer tanto ao gênero masculino como feminino, como em “o poema”, “o artista” etc.
Vogais temáticas verbais
As vogais temáticas dos verbos são as que os caracterizam em três conjugações: a, e, i. Elas ocorrem entre o radical e as desinências. Observe nestes exemplos.
Tema é a união do radical com a vogal temática. Se não houver vogal temática, o tema e o radical são apresentados no mesmo elemento. Veja os exemplos.
Diferentemente dos outros elementos, as vogais e as consoantes de ligação não são consideradas morfemas. Elas não têm um significado, mas apenas a função de ligar morfemas em uma palavra ou tornar a pronúncia mais fácil.
Quanto à sua formação, as palavras podem ser primitivas ou derivadas. As primitivas são responsáveis pela origem de novas palavras. Já as derivadas se formam de outras palavras por meio de acréscimo de prefixos ou sufixos.
Os principais processos de formação de palavras são a composição e a derivação. Mas existem outros, como a abreviação e a onomatopeia.
A composição é o processo pelo qual se formam as palavras compostas, como guarda-chuva e lobisomem. Nesse processo há a união de duas ou mais palavras simples (ou radicais).
Em guarda-chuva não há perda fonética (no som das palavras), enquanto em lobisomem (lobo + homem) há. Isso porque a composição pode ser por justaposição ou por aglutinação.
Composição por justaposição
As palavras se juntam para formar uma palavra composta, mas não sofrem alterações em sua forma ou acentuação.
Exemplos: pontapé, bem-me-quer, segunda-feira, couve-flor.
Composição por aglutinação
As palavras se juntam para formar uma palavra composta e, nesse processo, alteram-se.
Exemplos: embora (em + boa + hora), aguardente (água + ardente).
Veja mais exemplos de palavras compostas.
As palavras derivadas se formam de outras palavras geralmente pelo acréscimo de prefixos ou sufixos. Veja os tipos de derivação.
Derivação prefixal
A derivação prefixal ocorre quando um prefixo se une a uma palavra primitiva, modificando seu sentido.
Exemplos: desleal (des + leal), infeliz (in + feliz), reaver (re + haver).
Derivação sufixal
A derivação sufixal ocorre quando um sufixo se une a uma palavra primitiva. Por sua vez, o emprego de sufixos tem o objetivo de formar uma série de palavras da mesma classe gramatical.
Por exemplo, os sufixos ada, eiro e io formam substantivos a partir de substantivos. Veja: laranjada, pedrada, galinheiro, nevoeiro, poderio, senhorio.
Derivação parassintética
Na derivação parassintética acontece a união simultânea de um prefixo e de um sufixo a uma palavra primitiva.
Exemplos: entristecer (en + triste + ecer), repatriar (re + pátria + ar).
Derivação regressiva
Na derivação regressiva acontece a redução da palavra primitiva. Geralmente tem a finalidade de criar substantivos deverbais (formados com o radical do verbo) ou pós-verbais.
Exemplos: ajuda (de ajudar), alcance (de alcançar).
Derivação imprópria
A derivação imprópria ou conversão ocorre quando há a mudança de classe gramatical da palavra primitiva em algum contexto.
Por exemplo: quando se coloca um artigo antes de qualquer palavra, ela se torna um substantivo. Observe na frase: o belo me comove (o adjetivo "belo" funciona como substantivo).
Além da composição e derivação, que formam a maioria das palavras, há outros processos. Os gramáticos Cunha e Cintra, bem como Rocha Lima, destacam estes:
Veja também: Prefixo e sufixo: o que são, exemplos práticos e lista completa de termos
Referências:
CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Rio de Janeiro, Lexikon, 2016.
ROCHA LIMA, C. H. da. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: José Olympio, 2011.