A metáfora é uma figura de linguagem que faz uma comparação implícita entre dois elementos. A palavra vem do grego metaphorá e significa transporte. E a ideia é essa mesmo: transportar um significado de um elemento para outro, em linguagem figurada.
A base das metáforas é a associação de ideias. Assim, palavras, expressões e imagens ganham novos significados e, por isso, tornam-se mais expressivas. Um sol nascente, por exemplo, pode simbolizar um novo começo, renovação e esperança.
Costumamos pensar na metáfora na linguagem literária, mas ela também está presente no dia a dia. Entenda o que é essa figura de estilo com exemplos de metáforas na literatura, linguagem cotidiana, música, publicidade, entre outros.
Compositores: Milton Nascimento e Fernando Brant.
Nesse trecho de música, a ideia de guardar algo debaixo de sete chaves não foi empregada no sentido literal, mas no conotativo (figurado). Ela sugere que a amizade é um bem precioso, que deve ser protegido.
Autor: Mário Quintana.
Na metáfora de Mário Quintana, os poemas são comparados a pássaros. Essa comparação implícita se dá pelo uso do verbo ser: poemas são pássaros, simbolizando que os poemas lidos podem voar pela imaginação do leitor.
Autor: Manoel de Barros
No verso “o pai era uma onça”, os termos “pai” e “onça” compartilham características em comum, que ficam subentendidas. Por exemplo, os dois podem ser considerados figuras imponentes. Além disso, infere-se que o pai possui temperamento difícil.
Autor: Machado de Assis.
Aqui, a metáfora é estabelecida na palavra “tempestade”. Ela não foi empregada em seu sentido habitual (de temporal). Pelo contrário, simboliza uma turbulência emocional, sentimentos conflitantes ou intensos.
Autora: Cecília Meireles.
No primeiro verso – pus o meu sonho num navio – colocar o sonho no navio está associado à perda, à partida. Essa ideia fica mais clara na análise de mais elementos do poema.
Autor: Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa.
Nesse trecho há uma comparação implícita entre os pensamentos e o rebanho de animais. O rebanho é metaforicamente os pensamentos, que precisam ser guardados assim como um rebanho.
Autor: Luís de Camões
Nesses versos de Camões há duas metáforas estabelecidas pelo verbo ser: o amor é fogo; também o amor é ferida. A associação do amor a esses elementos, complementados por ideias incompatíveis, cria uma imagem contraditória desse sentimento complexo.
Autor: Manuel Bandeira.
Aqui há uma relação de semelhança entre o homem e um bicho em relação à miséria social que o homem se encontra ao catar lixo para se alimentar.
Muito presentes na linguagem cotidiana, as expressões idiomáticas também representam uma metáfora, pois suas palavras não podem ser analisadas separadamente, com o sentido literal.
Assim, a frase não significa que há um coelho no mato, mas que algo não está bem explicado em uma situação.
Outro caso de expressão idiomática, a frase significa ficar distraído.
Nas pinturas de Amaral, a banana simboliza o Brasil no contexto da Ditadura Militar. O artista plástico produziu várias pinturas com o tema de bananas entre 1967 e 1976, algumas verdes, outras maduras ou podres, criando metáforas visuais.
Na primeira pintura há bananas tornando-se apodrecidas, como crítica ao governo. Na representação do cacho com apenas uma banana madura pendurada, há a metáfora da solidão, tanto do País enquanto privado da democracia, quanto do artista privado de sua expressão.
A publicidade da Lego associa o brinquedo à imaginação, ao sugerir uma brincadeira com a sombra do avião projetada. Além disso, insinua que o produto é um aliado no desenvolvimento cerebral e criativo.
Segundo o cartunista, a charge foi publicada nas redes sociais do Greenpeace e abordou as artimanhas do governo em “maquiar” os dados sobre agrotóxicos. Na imagem, observa-se o agrotóxico personificado e associado ao símbolo da morte.
A comparação é uma figura de linguagem que aproxima o sentido de duas palavras ou dois elementos com o uso de conectivos (como, tal qual, que nem etc.). Veja neste exemplo:
A felicidade é como a gota de orvalho numa pétala de flor
(Vinicius de Moraes e Tom Jobim)
A felicidade foi comparada a uma gota de orvalho, de forma explícita, pelo uso do conectivo como. Se tirássemos o conectivo, haveria uma comparação implícita: “a felicidade é uma gota de orvalho”. O novo exemplo passa a ser uma metáfora.
Assim, a metáfora é uma comparação implícita que associa características em comum entre dois elementos, sem o uso de conectivos.
As metáforas são mais complexas que a comparação, e podem ser curtas como uma palavra, longas como uma frase ou até mesmo se estender por um texto completo.
Vale lembrar que um texto torna-se muito mais expressivo com uma metáfora. Por exemplo, em vez de dizer “você é especial para mim”, uma pessoa pode se expressar com uma metáfora: “você é o sol da minha vida”.
Para o linguista Rodolfo Ilari, a metáfora nos faz pensar uma realidade nos termos de outra, por isso é fonte de conhecimento e compreensão do mundo.
Veja também: Figuras de linguagem: exemplos práticos e explicações